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Um Problema de Refração

Consideremos um raio de luz que vai de $ A$$ P$ com velocidade constante igual a $ v_1$ e segue de $ P$$ B$ com velocidade constante $ v_2.$
\includegraphics[width=3in,height=2in]{d:/braqui/refra.eps}
Figura 3: refração de um raio de luz
Em geral, as velocidades acima são distintas e dependem do meio em que a luz está se propagando. Por exemplo, quanto mais denso o meio, mais lenta será a sua velocidade. Para fixar as idéias podemos pensar no esquema acima que na parte superior o meio de propagação da luz é o ar e na parte inferior a água. Como a água é mais densa que o ar temos neste exemplo, $ v_2<v_1.$ Se denotarmos por $ \theta_1$ o ângulo agudo que o segmento $ AP$ faz com a vertical e por $ \theta_2$ o ângulo agudo que o segmento $ BP$ faz com a mesma vertical, é de se esperar que$ \theta_2<\theta_1.$ Este fato é uma conseqüência (verifique!) da lei da refração de Snell:
$\displaystyle \frac{\mathrm{sen}\theta_1}{\mathrm{sen}\theta_2}=\frac{v_1}{v_2}.$ (3.1)


Na verdade, a relação que fora descoberta empiricamente por Snell em 1621 é que, fixados os dois meios por onde a luz se propaga, tem-se que $ {\mathrm{sen}\theta_1}$ é proporcional a $ {\mathrm{sen}\theta_2}$ independentemente do ângulo de incidência do raio.

A primeira prova matemática de (3.1) foi fornecida pelo matemático francês Pierre de Fermat e é baseada no seguinte princípio que leva seu nome:

Princípio do Tempo Mínimo de Fermat A trajetória real percorrida por um raio de luz de $ A$$ B$ é a que minimiza o tempo total de percurso.

Passemos à demonstração de (3.1). Lembrando que 

tempo gasto% latex2html id marker 1496$\displaystyle =\frac{\text{espa\c{c}opercorrido}}{\text{velocidade}}$
e fazendo uso do Teorema de Pitágoras, é fácil ver que o tempo gasto para o raio de luz ir de $ A$ até $ B$ é dado por
$\displaystyle T(x)=$tempo gasto de A a P$\displaystyle +$tempo gasto de P a B
$\displaystyle =\frac{\sqrt{a^2+x^2}}{v_1}+\frac{\sqrt{b^2+(c-x)^2}}{v_2}.$
Assim, nosso problema está reduzido a achar $ x$ que minimize $ T(x).$ Note que este problema é bem mais simples do que aquele discutido nas seções anteriores. Agora, se um tal ponto $ x$ existir ele deve satisfazer $ T'(x)=0.$ Calculando a derivada de $ T$ e achando as suas raízes, obtemos
$\displaystyle T'(x)=\frac{1}{v_1}\frac{x}{\sqrt{a^2+x^2}}-\frac{1}{v_2}\frac{c-x}{\sqrt{b^2+(c-x)^2}}=0$
$\displaystyle \frac{1}{v_1}\frac{x}{\sqrt{a^2+x^2}}= \frac{1}{v_2}\frac{c-x}{\sqrt{b^2+(c-x)^2}}.$ (3.2)


Note que o ângulo $ \angle QAP=\theta_1$ e, portanto,

$\displaystyle \mathrm{sen}\theta_1=\frac{x}{\sqrt{a^2+x^2}}.$
A partir do triângulo $ \bigtriangleup PRB$ obtemos
$\displaystyle \mathrm{sen}\theta_2=\frac{c-x}{\sqrt{b^2+(c-x)^2}}.$
Combinando estes resultados com (3.2) chegamos a
$\displaystyle \frac{1}{v_1}\mathrm{sen}\theta_1=\frac{1}{v_2}\mathrm{sen}\theta_2$   ou, simplesmente,$\displaystyle \quad\frac{\mathrm{sen}\theta_1}{\mathrm{sen}\theta_2}=\frac{v_1}{v_2}$
que é a relação procurada.


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2000-01-31